Reflexão sobre os estudos relativos as diferentes posturas filosóficas

20/11/2013 16:47

A filosofia representa uma atitude crítica que devemos assumir diante das coisas,  pois a manifestação cotidiana dos fatos da vida nos leva a uma rotina paralisante e isto não é bom para a consciência humana
Cada ser possui um campo doutrinário mais aprazível ao seu gosto cultural. Somos todos um, pois a história cultural foi produzida mediante vários e intensos estudos e pesquisas.
As diversas doutrinas filosóficas constituem momentos sucessivos e abrangentes de um processo único: com todas as conquistas filosóficas o homem não para de abordar temas e problemas que sempre preocuparam o espírito humano. As diversas filosofias nas diferentes épocas apresentam características comuns do pensamento humano.  É uma sequência inexorável de um processo que implica os momentos anteriores e torna possível pensar os momentos subsequentes.
Em todos os tempos a Filosofia tenta interpretar o mundo e entender e transformar o homem, isto é, todo tema importante é assunto de preocupação filosófica à procura da verdade.
A Filosofia é um modo de pensar, é uma postura diante do mundo. Ela é, antes de mais nada, uma prática de vida que procura pensar os acontecimentos além de sua pura aparência. Pode pensar a ciência, seus valores, seus métodos, seus mitos; pode pensar a religião; pode pensar a arte; pode pensar o próprio homem em sua vida cotidiana.
A Filosofia é mais do que um refletir. Ela é refletir sobre o refletir. A Filosofia surge quando a própria capacidade de refletir é posta em questão, quer dizer, refletimos sobre o refletir, quando queremos saber como adquirimos conhecimentos, ou se sabemos realmente aquilo que supomos saber. Por isso que, para Sócrates, o ponto de partida do filosofar é o reconhecimento da própria ignorância.
A aceitação cega de dogmas e doutrinas já levou parte da humanidade a caminhos que com o passar do tempo, mostraram ser absurdamente nocivos. O nazismo e sua ideia de superioridade ariana é o maior exemplo disto. Milhões de pessoas foram mortas, e outros milhões tiveram seus lares e famílias completamente destruídas, porque poucos tiveram a capacidade de questionar o que lhes era amplamente divulgado como sendo “a única verdade”.
A escola é um dos locais nos quais as pessoas deveriam ser orientadas a desenvolver o senso crítico, posicionar-se quanto aos valores de nossa sociedade, criando desta forma seu próprio conhecimento.
Porém, à visão de que educar é apenas a transmissão de conhecimento, faz com que a educação formal seja mais um mecanismo perverso de dominação e perpetuação de valores, ficando a cargo do aluno somente a memorização do conteúdo recebido e sua replicação, sem maiores questionamentos.
Dois famosos estudiosos realizaram estudos sobre o papel da educação na formação de seres críticos, bem como na organização de suas sociedades, cada um de acordo com a realidade de seu país.
Pierre Bourdieu (1930-2002), sociólogo francês, em seu livro A Reprodução, analisou o funcionamento do sistema escolar francês e concluiu que, em vez de ter uma função transformadora, ele reproduzia e reforçava as desigualdades sociais. Bourdieu detectou que os alunos tendem a ser julgados pela quantidade e pela qualidade do conhecimento que já trazem de casa, além de várias “heranças”, como a postura corporal e a habilidade de falar em público. Assim o conhecimento cultural exigido, e promovido nas escolas, favorecia as pessoas de origem social superior bem como seus valores, em detrimento das pessoas socialmente menos favorecidas. Em suas primeiras obras, Bourdieu via a possibilidade de superar essa situação se as escolas deixassem de supor a bagagem cultural que os alunos trazem de casa e partissem do zero.
Paulo Freire, principal nome da educação brasileira, afirmava que o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno. Isso significa, em relação às camadas desfavorecidas da sociedade, levá-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da própria libertação.
Para Freire, a educação é um modo através do qual os menos favorecidos podem romper a chamada “cultura do silêncio” e atuar como sujeitos de sua própria história. Assim, o papel do educador seria, em primeiro lugar, inteirar-se daquilo que o aluno conhece, trazendo sua cultura para a sala de aula, proposta inversa daquela feita por Bourdieu.
Ainda que as teorias Freire e Bourdieu tenham tal divergência, os pontos em que as duas convergem indicam que muitas diferenças e injustiças de nossa sociedade são difundidas pela escola, ou ao menos são aceitas por ela. Em nosso papel de educadoras, devemos nos esforçar para a formação de alunos críticos, pois somente assim conseguiremos proporcionar uma sociedade mais justa e igualitária às gerações futuras.